A
cocaína é o princípio ativo obtido a partir das folhas da coca (Erythroxylon
coca), caracterizada principalmente por seu potente efeito estimulante
para o cérebro. Além disso, atua como um anestésico sobre o local da aplicação
e causa uma redução no diâmetro dos vasos sanguíneos, a qual é temporária,
porém muito importante. Este último efeito citado, denominado vasoconstrição,
representa o maior risco para o bebê em formação no interior do útero de uma
mulher que usa esta droga. Se a mãe utilizar cocaína, esta pode causar
vasoconstricção no bebê em formação, o que pode levar a anormalidades como
lesões graves no cérebro, malformações no intestino, crânio, face, olhos,
membro, coração, genitais e aparelho urinário.
O
organismo do bebê leva mais tempo do que um adulto para eliminar a droga, de
forma que esta permanecerá agindo por mais tempo sobre a criança do que sobre a
mãe. A cocaína pode causar, quando utilizada por período prolongado durante o
segundo e o terceiro trimestres de gestação, descolamento prematuro de
placenta, cérebro com tamanho menor que o normal (microcefalia), retardo mental
e retardo de crescimento do bebê ainda no útero.
Não
se conhece uma quantidade de cocaína que possa ser considerada segura durante a
gravidez, sendo recomendável, portanto, que não seja usada nenhuma quantidade
durante toda a gestação. No entanto, existem evidências de que o uso de
pequenas quantidades por via nasal ("cheirada"), interrompido durante
o primeiro trimestre, não representa um risco significativo para a criança.
Isto significa que o bebê de uma mulher que "cheirou" pequena
quantidade de cocaína durante os primeiros três meses de gestação, antes de
descobrir que estava grávida, não corre risco significativo, mas o consumo da
droga deve parar imediatamente, pois aumenta a chance de um aborto espontâneo.
O risco para o bebê é bem maior durante o segundo e o terceiro trimestre
gestacional, principalmente se a cocaína for injetada.

No
caso do pai da criança usar cocaína no período imediatamente antes da mulher engravidar,
não existem casos relatados de defeitos no bebê, embora a cocaína possa ser
encontrada no esperma, o que pode levar a problemas de fertilidade masculina.
Alguns estudiosos acreditam que a cocaína presente no esperma possa afetar o
óvulo e prejudicar o desenvolvimento da criança, teoria que, embora não esteja
comprovada, leva à recomendação de que o homem evite o uso de cocaína três
meses antes da concepção, no caso de uma gestação planejada.
A
cocaína aparece no leite materno, podendo levar à intoxicação da criança, o que
contra indica a amamentação se a mulher estiver usando esta droga.
Gestantes
que têm dificuldades em parar de usar cocaína ou que usem a forma injetável
devem ser encaminhadas para um centro de tratamento especializado, onde possam
romper os ciclos de uso repetido, através de acompanhamento continuado da
paciente, em grupos de auto-ajuda ou em psicoterapia de grupo ou individual.
Acompanhamento do desenvovimento fetal através de ultrassonografia, nestes
casos, também é importante.
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